Construção Sustentável no Coração da Amazônia

Como enfrentar a responsabilidade de construir no coração da maior floresta do planeta, uma das últimas grandes reservas de biodiversidade? Como desenvolver soluções arquitetônicas sustentáveis na Amazônia, aproveitando os recursos naturais de maneira inteligente e com impactos ambientais próximos a zero?

Em 2018, o Instituto Humana implantou um projeto de construção fundamentado nos princípios da arquitetura bioclimática e da bioarquitetura. Este ano, o impacto do projeto ganha ainda mais relevância, à medida que o mundo se mobiliza contra o alarmante aumento da destruição da floresta amazônica.

Integração com o Meio Ambiente e a Comunidade Local

O projeto arquitetônico e paisagístico da sede do Instituto Humana é um exemplo de integração entre a construção e o meio ambiente, respeitando os ecossistemas naturais e sociais ao redor. A proposta se baseia em conceitos de arquitetura bioclimática, criando ambientes saudáveis com o uso racional de recursos locais e alterando o mínimo possível o ecossistema. A ideia é não só durante a construção, mas ao longo de toda a vida útil da edificação, aproveitando materiais e técnicas locais para garantir o máximo conforto térmico, acústico e de umidade, ao mesmo tempo em que minimiza o impacto ambiental.

Além disso, a obra busca otimizar o uso de materiais renováveis e de baixo carbono, além de priorizar a mão de obra local. O projeto promove a recuperação do solo e o replantio das espécies utilizadas na construção, com o objetivo de criar um ciclo sustentável.

Superando os Desafios Climáticos da Região Amazônica

A primeira grande dificuldade do projeto foi adaptar-se ao clima e ao ambiente da Amazônia. A sede, inspirada nas tradicionais palafitas ribeirinhas, utiliza madeira, vidro e cerâmica, de modo a maximizar o aproveitamento da luz solar e aproveitar o sombreamento das árvores e a ventilação natural. Além disso, a construção foi projetada para reduzir o calor e as chuvas intensas, mantendo um ambiente confortável e de baixo custo de manutenção.

A estrutura, elevada a 40 cm do solo, minimiza a absorção de calor. As venezianas que cobrem os 60 cm entre o telhado e as paredes de vidro e os vãos entre as duas meias águas garantem a ventilação constante, ao mesmo tempo em que protegem contra as chuvas torrenciais.

Conforto e Integração com a Natureza

As paredes de vidro temperado com portas pivotantes oferecem integração visual com a floresta, além de permitir ventilação cruzada. A privacidade é garantida por cortinas translúcidas que cobrem as paredes, proporcionando um ambiente confortável para o trabalho e a convivência com a natureza.

O aproveitamento da luz natural e o isolamento térmico são complementados pelo telhado de cerâmica, com algumas claraboias de vidro, sustentado por vigas de angelim vermelho (Dinizia excelsa), escolhidas pela durabilidade. O conforto acústico obedece a uma lógica inversa da utilizada nas construções urbanas: ao invés de isolar os sons da natureza, a construção permite que os sons da selva, como o canto dos pássaros e o ruído dos insetos, entrem no espaço, criando um ambiente auditivo único e saudável.

Sustentabilidade a Longo Prazo: Autossuficiência Energética

A sustentabilidade do projeto é garantida por uma central fotovoltaica própria, que torna a sede do Instituto Humana 100% autossuficiente em energia. Além da iluminação e dos equipamentos de escritório, o sistema fotovoltaico abastece o moderno sistema de segurança, incluindo câmeras e detectores de movimento, além de garantir a conectividade através de uma antena parabólica.

A Participação Ativa da Comunidade Local

O projeto foi desenvolvido com a participação ativa de profissionais locais, desde a preparação do terreno até o acabamento final, como o tratamento do piso de madeira com cera de abelhas produzida na região. Esse envolvimento da comunidade local é parte fundamental do compromisso do Instituto Humana de promover a capacitação profissional e o desenvolvimento sustentável das populações ao redor.

O Marco do 10º Aniversário do Instituto Humana

Localizada na praia do Marahú, Ilha do Mosqueiro, a sede do Instituto Humana simboliza o compromisso da empresa com a integração harmônica com o meio ambiente e com a comunidade local. O projeto arquitetônico, fruto da colaboração entre o cenógrafo Sandro Ruggeri Dulcet e a arquiteta Caroline Edwards, celebra o 10º aniversário da empresa e reforça seus valores de sustentabilidade e responsabilidade socioambiental.